A Força Da Arte está em que ela chega do exterior para fragmentar os constrangimentos éticos e morais, questionar as classificações e necessidades contemporâneas, enquanto abre novas prespectivas, cria novos modos de ver o exterior sem qualquer condicionalismo. Para Juana Aizpuru (directora da galeria homónima em Espanha), “a arte é vida, e falar da arte é falar da vida.” E acrescenta, “a arte não pode modificar o mundo, mas pode alterar a mentalidade daqueles que podem alterar o mundo, as escalas de valores que movem o mundo.” O objecto, como peça de arte, “não tem de ser bonito, reger-se pelos padrões clássicos do belo, mas dizer coisas importantes. As quais nós – os observadores -, temos de escutar, e saber ouvir. O artista comunica sentimentos, que nos forçam a pensar, a reflectir para que a convivência entre os seres humanos seja o mais importante.” Na sua convivência com as obras de arte, Independente da sua beleza, Juana de Aizpuru sabe que existem outras camadas de informação a um nível mais profundo, muito mais interessantes e enriquecedoras, as quais reflectem as preocupações contemporâneas de uma forma que devemos absorver, adoptar, enquanto passamos um bom momento com esses objectos.
O artista contemporâneo, conforme expressa Aizpuru, “não se ergue para conceber objectos belos, mas sim expressar sentimentos.” As pessoas estão enredadas num momento civilizacional de crescente predomínio da homogeneização cultural e tendências materialistas; de expressão global; crescentemente mais informada mas de menos cultura; cada vez mais se abandonam as paixões, o afecto. “O artista hoje tem um papel diferente quando comparado com o do Renascimento, por exemplo; ele possui a capacidade de nos dar as pautas do individualismo, de sermos indivíduos, singulares.” E não mais uma expressão num corpo, numa máquina desprovida de qualquer sentimento e valor humanista.
in Notícias Sábado (revista do Jornal de Notícias), 22/11/2008