“Mas esta vida é tão breve! Não podemos ter a veleidade de emitir qualquer condenação sobre o amor. Devemos viver primeiro, Aurélio, e filosofar depois.”
Ontem à tarde li este livro, A Vida É Breve. É daqueles livros fáceis e rápidos de ler mas que demoram no pensamento e ficam na memória.
Um romance que nos dá matéria para uma boa conversa, uma interessante discussão.
Jostein Gaarder, conhecedor da bibliografia de santo Agostinho, ficciona uma carta da mulher que viveu com este homem antes da sua conversão à religião cristã.
Dá-nos uma história bonita de amor que a dada altura é interrompida bruscamente por dúvidas entre o bem e o mal, entre o amor carnal e o divino, entre o pecado e a graça.
É um romance que nos aguça a curiosidade para saber mais sobre esta importante fase (séc. V) da história humana. Fase em que se dá a mudança da antiga cultura greco-romana para a cultura cristã dos nosso dias.
Ficou-me no pensamento, também, como esta cultura cristã, que cresceu segundo os seus teólogos, demasiadamente apoiada no pecado e na alegoriade de Adão e Eva, terá diminuido e afastado a mulher da cultura, da sociedade, da própria igreja, do mundo…
“Tenho medo, Aurélio.Tenho medo do que os homens da Igreja possam fazer a mulheres como eu. Não pelo facto de sermos mulheres, mas porque Deus criou-nos assim, e porque assim seduzimos os homens, tal e qual Deus os criou. Julgarás tu por acaso que Deus prefer os eunucos e os castrados aos homens que amam uma mulher? Louva a obra da Criação de Deus.”