Dois mil e vinte, desde que comecei este blog, foi o único ano sem qualquer publicação. Não foi o ano equilibrado como os números que o compunham que eu ansiava, antes revelou-se uma corda bamba que exigisse constante balancear de braços para não tender demais para um dos lados.
A morte. Um dia falarei da sua majestade sombria e como ela chega demasiado altiva, decidida e sem palavras. Não fala, não precisa. Não é uma figura mesquinha, contorcida num manto que a vele e com risinho escarnecedor. É tão grande como a vida. Vem, vai. E somos pedras imóveis.
O tempo. Amigo da aceitação e da aprendizagem. Fiel companheiro de todos os sentimentos. Dá o regresso para avançar.
A festa. Chama-se Lavorada! É um festival, festivo, festa, que se faz com todos os elementos que compõem a palavra: pessoas, conversas, ar livre, árvores, cultura, arte e mãos que sabem fazer. É O Festival dos Lavores, uma grande empreitada das artes manuais, uma Lavorada!
Quer-se que esta seja a primeira de muitas edições. Começa devagar, tateando o chão pandémico que nos põe à prova, mas espera entrar na autoestrada das coisas boas e sumarentas. Assim encontre sempre quem apoie este projeto e nele participe com entusiasmo e risco.
Será no dia doze de junho, no simbólico Dia Mundial de Tricotar em Público, no pacífico jardim da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim. A estes foi feita a proposta de apoio e participação e estes o aceitaram. Unimos cultura e arte.
O festival começará às duas horas e trinta minutos da tarde, com o acolhimento de todos quantos queiram participar. Participar ativamente, trazendo os seus lavores e ali, em cadeiras ou nas mantas que se estenderão pelo relvado, por mãos ao trabalho. Tricot, crochet, bordado, costura, bilros, macramé, tapeçaria. Tudo quanto for trabalho das antigas artes domésticas, aqueles trabalhos ensinados às moças casadoiras para que fossem prendadas, mas que no século vinte e um ganham a dimensão que merecem — Artes incubadoras de talentos e Artistas. Princípio do belo no quotidiano que quer fugir ao banal e plano.
Segue-se uma Mesa de Conversa, com duas artesãs, uma historiadora de arte e uma museóloga.
Para encerrar a festa, trabalharemos em uníssono, fazendo uma grinalda de bandeirinhas gigante que ficará instalado nas árvores do jardim, no pequenino bosque que ali se forma.
Depois de um ano que a todos marcou, tendo como lado positivo a aproximação que muitos fizeram das artes manuais, queremos que este seja um encontro da valorização do artesanato feito em cada casa. A constatação definitiva que este eleva o espírito, pacifica a mente, aumenta a autoestima, promove o encontro social, estimula a economia, cria artistas, e salvaguarda o património.
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Até já!
One thought on “se é para regressar, que seja em festa!”
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