Da linha grossa à linha fina vai a distância da perseverança. Com a primeira depressa chegamos ao destino, à peça concluída. Com a segunda tudo é devagar, mas tudo é mais gratificante porque nos superamos a cada volta que concluímos. Uma define o comum, a outra o trabalhoso, o dedicado e o delicado. Não se faz uma peça de crochet em linha 12 ou 20 num dia. O trabalho é mais atento, é preciso mais cuidado com a agulha, os olhos trabalham mais. Vemos o novelo com uma duração quase infinita e o crescimento quase nulo do crochet que vai saindo da agulha. Mas sabemos que a peça final será linda e de valor inestimável, por isso persistimos. Com esta linha mais fina, diz a tradição, faz-se (fazia-se?) peças essencialmente decorativas. Quem as faz é para si ou para oferecer, raramente para vender porque nunca será bem pago.
Numa altura em que o crochet que faço é, precisamente, para consumo interno, é a este crochet que me tenho dedicado, ao lento, ou, apropriando-me de termos modernos, ao slow crochet. Estou a fazer um xaile em linho para o próximo verão. Já o imagino, tão lindo que vai ficar! O esquema tirei-o deste livro , adaptando-o para o modelo triangular de um xaile. É simples, mas nesta primeira tentativa não quis abusar entrando num intrincado esquema que me vencesse. E simples é sempre uma boa solução.