Resisitir.

A propósito do livro Resistir, de Ernesto Sabato, dei comigo a pensar em como realmente os valores da sociedade estãos mudados. Mas para mal do homem são mudanças que em nada abonam para a sua felicidade. O homem caiu numa luta pela sobrevivência pela qual não tem de lutar. Cegamente e até irracionalmente julga-se que o que poderá manter o homem vivo é somente o dinheiro e consequentemente o sucesso, as carreiras, o bem-estar, o conforto.

Atribuo à idade de Ernesto Sabato o tom negativo, pessimista e a descrença no homem moderno que encontrei no livro. Um homem que percebe que para a humanidade está reservado algo muito maior, muito mais elevado do que o que é realmente procurado, um homem que passa uma vida por fazer ver aos outros que os afectos, a simplicidade, a arte, a cultura, o bem dão realmente felicidade e futuro à humanidade, um homem nesta busca incessante pela harmonia talvez desita no final da sua vida… Mas ainda assim as suas palavras são de esperança na medida em que estão repletas de ensinamentos e de atitudes a adoptar numa vida que se quer vivida até ao âmago, sem as imposições do mundo moderno.
Ernesto Sabato lança “uma mensagem de esperança e um incitamento à nossa capacidade de resisitir ao poder da robotização e de fortalecermos os valores humanos.”
O mal do homem é aperceber-se sempre demasiado tarde que está no caminho errado ou que escolheu o caminho errado. O mal do homem é não aprender com o passado, não aprender com o exemplo que os outros deixam.
É preciso resistir, resisitir sempre e lutar contra esta onda que nos arrasta para longe dos valores humanos, para longe da cultura e da arte, para longe das verdadeiras e sólidas relações humanas, para longe da espiritualidade.
Resistir, resisitir sempre ao individualismo, à indiferença, ao comodismo, ao relativismo.

“O ser humano só poderá salvar-se se puser a sua vida em risco por outro homem, pelo seu próximo, ou pelo vizinho, ou pelas crianças abandonadas ao frio.”

Uns entendem estas palavras outros entenderão, um dia. Mas para a grande maioria são estranhas e até estúpidas e morrerão sem compreender esta ideia de estender a mão ao próximo, sem compreender que afinal a felicidade sou eu com os outros, eu e o próximo.

2 thoughts on “Resisitir.

Deixe um comentário