A maternidade não é obrigatória

No cabeleireiro as conversas de circunstância são inevitáveis (na medida em que devemos ser minimamente educados). Mas, ao ter essa tal conversa, esta passou a ser um monólogo da cabeleireira quando ela me disse: “um filho completa a vida de uma pessoa, não é?”. Voltei-me para os meus pensamentos e deixei de a ouvir.
“Um filho completa a vida de uma pessoa, não é?”
Completa a vida de quem se decidiu pela maternidade.
Tenho umas amigas que não têm filhos e não são mais incompletas do que eu. Foi uma decisão. E na medida em que se dedicam a cem por cento a outros projectos, a outros percursos de vida, são completas nessas suas escolhas!
Sempre tive esta ideia e reforcei-a quando li uma entrevista a Fátima Lopes, a estilista, em que lhe perguntavam se não lhe faltava um filho para se sentir completamente realizada. Mas ela já não é completamente realizada? Não se dedica inteiramente àquilo a que se propôs? Não tem sucesso no que faz?
Dúvido que fosse tão realizada se fosse mãe. Um dos papeis saíria incompleto. Não acredito no carreirismo e na maternidade. Aquelas mulheres que se decidem pelos dois lados geralmente deixam o papel de mãe para outros.
Agora que sou mãe falo com mais segurança e conhecimento de causa: uma mulher não precisa de ser mãe para ser completa e realizada. Uma mulher completa-se ao dar-se inteira a qualquer percurso que escolha para sua vida, qualquer escolha feita em consciência e segundo a sua maior vontade.
Actualmente sou mãe e é a esse papel que me dedico mas também nada me impede de já ter projectos aos quais me dedicarei aquando a indepêndencia do meu filho e de ir fazendo outras coisas, claro.

2 thoughts on “A maternidade não é obrigatória

  1. Olá Lara,

    concordo plenamente com o teu anúncio… aliás, como sabes, passei anos a afirmar isso mesmo. Não acho que uma mulher, só porque nasceu mulher, tenha a obrigatoriedade de ser mãe. Passei muitos anos a pensar isso mesmo, e a viver dessa forma, até que, tanto eu como o Helder, pensamos em nos dedicar a um outro pressuposto, a um outro "projecto" de vida, o qual engloba a dedicação e a vida para um filho. Agora que me encontro grávida, vivo isso ainda mais intensamente. Mas, sempre com a consciência de que é uma opção de vida que tomamos, e não de que é inevitável.
    Beijinhos para os três… 😉

  2. E eu não te conheço?…
    Tivemos a mesma escola:)
    Somos esclarecidas nesse sentido e sabemos que se escolhemos a maternidade é porque sabemos que podemos dedicarmo-nos inteiramente a um novo ser, continuação de um percurso feito a dois.
    E se estamos convictas do que somos, do que queremos, do que sabemos, então a educação destas crianças será fascinante e maravilhosamente enriquecedora. Tanta coisa para lhes dizer, para lhes ensinar, para lhes mostrar…

    Um grande abraço

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