do ócio como o ar

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Preciso do ócio como o ar que respiro.
Não consigo estar dias seguidos embrenhada em tarefas e actividades constantes. E dia que não tenha a sua horinha de ócio é dia incompleto. Preciso de deixar correr o pensamento e criar sucessões de ideias e imagens dentro da minha cabeça. Pensar os dias, a vida, a nossa vida, o mundo e a humanidade. É no ócio que assento alicerces para a sanidade, até! Porque não há muitas maneiras de andar neste mundo: ou se vive num mundinho pequeno que não faz jus ao pensamento e tudo corre bem porque o umbigo é o centro do universo; ou se é artista e pensa se o mundo dentro de um outro e daqui ao limbo da loucura são dois passos; ou se segue o caminho da espiritualidade e da aceitação. E então, por isto, este ócio seja uma meditação, um encontrar-se. Já dizia o outro, “devo o que sou ao ócio”.
Esta manhã, calma, soube bem olhar e sentir a brisa fresca que entrava no meu quarto. Os gerânios voltaram a florir depois de extinta a praga de lagartas. Os ficus estão verdes e mais saudáveis que nunca. O Pcá instalou-se no meu colo, o meu menino, que ao que tudo indica aprecia uma boa sorna, mais a sua artilharia de nanar também se juntou e tudo soube ainda melhor.

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