Há já algum tempo que não escrevo para o blog e muito porque não me tem apetecido (faço por conservar esta minha característica de, sempre que não envolve outros, só fazer o que me apetece). Mas há coisas que vejo e ouço que não posso deixar passar sem opinar aqui nestas minhas páginas.
Desta vez foram declarações extremamente irresponsáveis de alguém que tem o dever da responsabilidade, pelo cargo que ocupa.
O presente apresenta-se-nos em crise, em crise porque está a mudar! Para melhor, para pior? Não sei, sei é que está a mudar e é preciso esperança e confiança nos homens e acreditar que em cada mudança está a possibilidade do renascimento, do melhor.
Mas há quem não saiba lidar com tantas vozes em tempos de mudanças.
Na opinião da Dra Manuela Ferreira Leite, em democracia não se fazem reformas, diz mesmo: “Não sei se, a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a democracia.”
Sim, assim é muito fácil governar e eu até a percebo… e por isso mesmo, o outro esteve no poder 48 anos, relegando uma nação para a ignorância e deixando uma herança de um atraso estrutural que ainda hoje nos põe na cauda da Europa.
O desafio da democracia é este mesmo: viver na diversidade e com respeito por todos, aceitando as diferenças e partilhando a nossa existência.
Governar em democracia é saber abarcar todas as opiniões e estilos de vida e idealizar um bem comum. Com educação e tolerância, o povo faz o resto.
Já cantava o Sérgio Godinho que “a democracia é o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros”. A democracia responsabiliza cada cidadão. Viver em democracia é acreditar que todos somos capazes de construir um mundo melhor e que a voz de cada um é importante na construção desse ideal. E só vive assim quem tem sentido de tolerância, respeito pelo próximo, quem tem humildade de achar que a sua voz é só mais uma, mas que também tem confiança que a sua voz é necessária.
Bem disse o Dr Filipe Menezes que “o Sá Carneiro deve estar a dar voltas no túmulo”!
Ó Sô Dôtora, se não consegue encarar este país democrático, que está em mudança, e as dificuldades que daí advêm, deixe-se ficar por casa. Escuse-se de lugares públicos, melhor, de cargos políticos e vai ver que em sua casa quem manda é a senhora.